Thursday, July 02, 2009












A mística do Catetinho, por Ernesto Silva.




23 de Novembro de 2007
"É preciso recordar. O povo que não lembra seu passado perde a identidade coletiva." (Henry Sobel)Dia 10 de novembro, inauguração do Catetinho, nenhum órgão de imprensa desta cidade se referiu à importante data. Eu o faço agora. O Catetinho é símbolo de Brasília. Representa o idealismo, a fé, a esperança, o amor ao trabalho, a bravura, o desprendimento, o patriotismo de milhares de brasileiros que, sob o comando seguro do Presidente Juscelino Kubitschek, acorreram ao Planalto Central para edificar esta cidade, jóia do urbanismo moderno, que devemos preservar, eis que tombada pela U
Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Nesse modesto e monumental Palácio de Tábuas, forjaram-se os planos revolucionários e dele partiram as ordens decisivas. Juscelino à frente, com espírito pioneiro e imaginação criadora, humanitário e bom, nos reunia, ouvia a todos e traçava os rumos. Assim, tornou-se imperativo que cada soldado dessa primeira linha de batalha se armasse de bravura absoluta, se revestisse de desambição e se empolgasse no renovado espírito de pioneirismo. Qualidades positivas de operosidade e de renúncia, capacidade realizadora, ânsia de progresso, fé nos destinos do Brasil se apresentariam libertas das antigas restrições, em toda a plenitude, na arrancada inicial.

Pelo exemplo e pela realização, era necessário destruir o conformismo que acomodava a consciência nacional em morna sonolência. Por isso, ao lidador da primeira hora de Brasília não foram permitidos o ócio, a pausa, a vacilação. Daí, a dureza das obrigações, quase desumanas, que todos sentiram nos regimes de serviço e na exigência de rapidez e da perfeição da obra. Portanto, não se pode permitir que seja esquecida a brilhante história da capital de um País que foi erguida com o patriotismo e a determinação do próprio povo. O Catetinho é uma lição para as gerações futuras.


O Catetinho foi construído em 10 dias (de 22 a 31/10/1956) por amigos de JK (Oscar Niemeyer, João Milton Prates, José Ferreira de C. Chaves, o Juca Chaves, Roberto Pena, César Prates, Dilermando Reis, Vivalde Lyrio, Osório Reis e Agostinho Montanddon) e dedicados operários. No dia 1º de novembro de 1956, os engenheiros e operários que trabalham na edificação da residência presidencial provisória se reúnem em um churrasco. No dia 10 de novembro de 1956, por via aérea, JK chega a

Brasília a fim de inspecionar o andamento dos trabalhos a cargo da Novacap. Do aeroporto, JK dirige-se ao Catetinho. Assim descreve JK a inauguração do Catetinho: "A recepção foi festiva. Do aeroporto provisório, segui diretamente para o Catetinho, onde grande número de pioneiros me aguardavam. Um temporal desabou sobre o local nesse momento, fazendo com que a festa, que teria lugar ao ar livre, fosse realizada no interior do Palácio de Tábuas. Serviu-se um almoço, com mesinhas espalhadas pela casa inteira, inclusive na varanda. E, em seguida, realizei ali o meu primeiro despacho. À noite, depois do jantar, teve lugar uma serenata com os pioneiros – a palavra candango ainda não havia sido criada – entoando o "Peixe-Vivo" e o "Canto da Nova


Capital" (música de Dilermando Reis e letra de Bastos Tigre). O Catetinho foi, pois, um símbolo. Foi ele a flama inspiradora que me ajudou a levar à frente, arrastando o pessimismo, a descrença e a oposição de milhões de pessoas, a idéia de transferência da sede do Governo.
A mística do Catetinho foi, pois, precursora – dada a emulação que provocou – da mística de Brasília, consubstanciada em pioneirismo, em espírito de criação e na determinação de enfrentar o que parecia impossível. E a mística de Brasília, por sua vez, contagiando o País inteiro, realizou o milagre da construção de uma metrópole revolucionária, em três anos e dez meses". O Catetinho foi tombado pelo presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de julho de 1959 e inscrito sob o número 329, Folha 55, no Livro do Tombo Histórico do Instituto Histórico e Artístico Nacional. Ernesto Silva

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